13 agosto 2007

A solidão intermitente

A solidão intermitente

É como se qualquer coisa se rompesse subitamente e fizesse cair a vida em pedaços

Como dar-te um golpe e mergulhar no teu interior
Como beijar-te o olhar trespassado a espada de fogo
Como venerar teu coração já morto
Tua pele já extinta
Faminta
Putrefacção alardeada

As paredes negras da existência fúnebre
Despenteada

O norte rendido ao sul
O centro ao externo
A inércia ao mastigar do tempo

As vestes contrárias
O fio voluptuoso laminado no gume de uma faca

A solidão intermitente
Os pés descalços nos sulcos negros do areal da praia
A maré que sobe e nos cobre os lábios da cor esquecida
A doença iminente que surge e permanece
Comigo
Na solidão

Sem comentários: